terça-feira, 13 de maio de 2014

"O Rapaz que não se tinha quieto" - Rita Taborda Duarte & Ana Ventura


Gosto de viajar. Mas sou um miúdo pequeno, e os meus pais dizem que os gaiatos não se fizeram para andar por aí a passarinhar de terra em terra como se fossem andorinhas, ou saltimbancos, ou acrobatas, ou arlequins ou polichinelos.”
Palavras do rapaz que não se tinha quieto e que se fascinava com comboios, mas só até ao dia em que se desiludiu com um “viajante falsificado”, cuja verdadeira aspiração “era permanecer fechado, quieto, numa cadeira imóvel, no quarto pacato do seu apartamento parado de um país atracado a este planeta andante”. Virou-se para os barcos.
Construiu uma torre imensa, de onde pudesse ver o mar, “a minha alta torre do luar”, e mais tarde um farol, “o meu farol estrelado”. Conseguirá viajar. E, já homem, sentirá o desejo de regressar. “A saudade é uma espécie de gravidade pequenina que nos chama de volta às coisas de que mais gostamos.”
Numa linguagem terna e clara, a autora [Rita Taborda Duarte] não reduz a história a uma sequência de episódios, conta-a sem pressas, permitindo ao leitor fruir o texto. Contraria assim a prática corrente de simplificação, em que as histórias para crianças são transformadas em argumentos cinematográficos, supostamente para facilitar a compreensão. A delicadeza das ilustrações [deAna Ventura] liga na perfeição com a atmosfera e ritmo da narrativa. Ainda que fale de movimento, O Rapaz Que Não se Tinha Quieto obriga-nos a parar.
O Rapaz Que Não se Tinha QuietoTexto: Rita Taborda Duarte
Ilustração: Ana Ventura
Edição: Caminho
48 págs., 10,90€
(Texto divulgado na edição do Público de 10 de Maio, na página Crianças.)

Ilustração - Ana Ventura

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