domingo, 15 de dezembro de 2013

"O Pai Natal e o maiúsculo Menino" - João Pedro Mésseder


Construído como uma narrativa versificada, este texto dá conta, através das memórias e da reflexão de um narrador/sujeito poético de primeira pessoa, das modificações ocorridas na celebração do Natal, exprimindo uma certa nostalgia por um passado onde a festividade tinha mais conotações religiosas e afectivas, entretanto substituídas pelo consumismo. Desta forma, a imagem do maiúsculo Menino, correspondendo à figura de Jesus recém-nascido, conotado com um certo Cristianismo primitivo, opõe-se a imagem do Pai Natal, aproveitamento comercial e adulterado dessa realidade original. Sob a aparente leveza e acessibilidade do discurso, marcado pelo verso tradicional e pela rima, o texto, recorrendo à ironia e também ao humor, inclui críticas sociais duríssimas aos valores dominantes da sociedade contemporânea, denunciando o consumismo desmesurado, a injustiça na distribuição dos bens e da riqueza, a valorização da aparência em detrimento da essência, a desvalorização dos afectos e da família.  
Ana Margarida Ramos

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

OS CIGANOS Sophia de Mello Breyner Andresen - Pedro Sousa Tavares

OS CIGANOS
Sophia de Mello Breyner Andresen
Pedro Sousa Tavares
Ilust. Danuta Wojciechowska

Os Ciganos teve início no fragmento de um conto de Sophia de Mello Breyner Andresen localizado no seu espólio na primavera de 2009. Este conto encontrava-se inacabado e Pedro Sousa Tavares, jornalista e neto da escritora, assumiu a responsabilidade de continuar a história.

Ruy vive numa casa com demasiadas regras e muitas rotinas. Um dia, é surpreendido pelo rataplã de um tambor que o desafia a saltar o muro do jardim e a percorrer os campos ao encontro de um acampamento de ciganos. Com eles acaba por ficar e, inspirado pelo espírito indomado de Gela, descobre o prazer de sentir o chão debaixo dos pés, experimentando, enfim, a liberdade pela qual sempre suspirou.

Esta é uma história sobre o irresistível apelo da liberdade e sobre a descoberta do outro e suas diferenças.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

"Era uma vez um menino chamado Nadir Afonso" - Agostinho Santos


Na morte de Nadir Afonso…

 CapaLivro Pág.Crianças

Nadir Afonso esteve para se chamar Orlando...

Era uma vez um menino que esteve mesmo para se chamar Orlando, mas acabou por se chamar Nadir. Era uma vez um jovem que queria estudar Pintura, mas acabou por se inscrever em Arquitectura. Finalmente, era uma vez um homem que se tornou arquitecto, pintor e famoso.
Esta é a história de Nadir Afonso, aqui contada pela mão do jornalista e artista plástico Agostinho Santos. A ilustrar a biografia do pintor-arquitecto, de 93 anos, que trabalhou com Le Corbusier e com Oscar Niemeyer, estão os seus próprios trabalhos. Diferentes técnicas e linguagens podem ser apreciadas enquanto se descobre a emocionante vida do artista. Algumas das obras que esta edição reproduz estiveram expostas no final do ano passado em Veneza, no Palácio Loredan.
Nadir nasceu em Chaves e deve o seu nome a um amigo cigano de seu pai. Quando este lhe disse que ia registá-lo como Orlando, o amigo respondeu: “Muito Orlando será ele… Dai-lhe antes o nome de Nadir.” Sobre o ambiente familiar, conta Agostinho Santos que viviam “rodeados de livros” e criatividade: “O pai era poeta e a mãe fazia desenhos, muitos retratos a lápis.” Sendo hoje Dia dos Museus, este livro pode ser um bom ponto de partida para introduzir os miúdos na fruição das artes plásticas.
Era Uma Vez Um Menino Chamado Nadir
Texto Agostinho Santos
Ilustrações Nadir Afonso
Edição Âncora Editora e Fundação Nadir Afons


 
(Texto divulgado na edição do Público de 18 de Maio de 2013, na página Crianças.)

"Pequeno Livro de Desmatemática" - António Pina





Nuno Higino, “Versos diversos”


A ALEGRIA

Perguntar se a alegria
é inteira ou tem medida
se é oval ou circular
de que maneira a contém
o olhar quando a anuncia
é o mesmo que perguntar:
-Quantas margens tem o mar?

Nuno Higino, “Versos diversos”