terça-feira, 17 de junho de 2014

"Efémera" (de Eugénio Roda e Gémeo Luís)







Isabelinha era a sexta irmã, nascida depois de cinco rapazes. Um dia quis dar de beber aos pássaros com sede e “foi surpreendida precocemente pelo inevitável”.
É apenas isto que um dos irmãos, Gémeo Luís, aceita contar sobre a menina a quem dedica o livro Efémera, que editou e ilustrou. O resto da história percebe-se através das palavras de Eugénio Roda, um escritor amigo que assina o texto (Edições Eterogémeas).
Efémera morreu. Não desapareceu, pois há quem a tenha visto sem vida. Não viajou, mas há quem diga que a viu rio abaixo. Também há quem a sinta no fundo do regato, dando vida a outras vidas”, escreve-se no início, em letras brancas sobre fundo negro. Mas as páginas seguintes hão-de ser coloridas.
A apresentação está marcada para esta quarta-feira, 18 de Junho, às 18h, na Casa das Artes, no Porto. “É um livro sobre a morte. E um livro sobre a morte é um livro sobre a vida: sobre a vida como oposição à morte, sobre a vida como estratégia, como fundamento, como riqueza, como abundância”, diz Gémeo Luís, também professor universitário, que usou imagens “que resultam da experiência autobiográfica, representando os episódios ou etapas do ciclo vital”.
Um livro entusiasmado com a vida
O ilustrador admite que algumas pessoas achem o livro triste, “mas ele quer ser feliz e positivo, entusiasmado com a vida. Sem deixar de ser profundamente sentido, pelos acontecimentos cuja compreensão não atingimos. Sem deixar de ser agradecido, pela oportunidade de fazer acontecer tudo o que está ao nosso alcance”. E não pretende que seja “pedagógico”, “moralista” ou “prescritivo”.

Lembra que alguém disse que, “quando um problema não tem solução, não é um problema”, para depois usar as palavras do escritor na obra: “Efémera tem uma vida curta mas não se lamenta. Seus filhos nascem, crescem e morrem, sem coisas ou ideias que não cabem na sua vida, na sua vida efémera. Lembram-se sempre da mãe e do pai, mesmo que não os tenham conhecido. Quando se lembram de um irmão levado pelo peixe brincalhão, sentem um nó na barriga – milhões de barrigas, milhões de nós. Mas o que se pode fazer por um nó assim? Tudo. Tudo o que se pode fazer por nós, assim!”
E conclui: “A única solução para um problema que não existe está à vista: (des)valorizar a morte valorizando a vida. Propomos um livro que começa pelo fim (para quem vê na morte um final), para mergulhar na vida em que ‘morremos de cansaço’, ‘morremos de amor’ ou ‘morremos de riso’.”
Difícil é o diálogo, não o tema
Porquê este livro (só) agora? “Todos os assuntos são subtemas da vida, o grande tema. Poderia ter sido noutra altura. Mas talvez tenha chegado o momento em que os outros temas ajudaram a amadurecer este, que tinha uma dedicatória à partida.”

Para o irmão de Isabelinha, “as nossas relações estão cheias de ‘temas difíceis’, mas difíceis não são os temas, difícil é o diálogo. Conversar sobre seja o que for passa por relacionar ideias e coisas. Mas também gestos, motivos e circunstâncias. Às vezes, é preciso ir directo ao assunto. Outras vezes, é necessário abordá-lo indirectamente, não para o evitar mas para trazer outros assuntos, aqueles que fazem parte. Raramente um assunto pode ser abordado sem falar noutros. Este ainda mais”. Por isso chamou ao encontro desta quarta-feira “Um Livro em Forma de Conversa”, onde estarão presentes o padre jesuíta Vasco Pinto Magalhães (nos livros Pensar a Morte e Pensar a Vida, foi entrevistado por Henrique Manuel Pereira), e também Bento Amaral, autor de Sobreviver, que aos 25 anos ficou tetraplégico, não deixando ainda assim de ser um importante atleta de vela.
Os autores esperam que o lançamento seja um encontro de amigos e famílias, “com experiências e opiniões diferentes”. Para Gémeo Luís, “este livro faz viagem conforme o viajante: mais longa e penosa, mais curta e vivaz; mais solitária, mais partilhada. Este livro dá-se a ler como quiser o leitor. Ou como quiser a sua memória, a sua surpresa, o seu sentimento. Este livro dá-se à conversa da forma que melhor entenderem os conversadores, sejam familiares, amigos, professores, pais, psicólogos. Este livro não foi feito para resolver a dor, a incompreensão, a inevitabilidade. Até ver, nada teve o poder de os resolver completamente.”

Lançamento Efémera (de Eugénio Roda e Gémeo Luís), Edições Eterogémeas, dia 18 de Junho, às 18h, na Casa das Artes. Rua António Cardoso, nº 175, Porto

Este texto também pode ser lido aqui, no Público.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

E tu sabes quais são os teus Direitos?


























Os alunos de Atividades Lúdico-Expressivas do 2.º, 3.º e 4.ºanos, da EBI de São Pedro de Alva, em articulação com a Biblioteca Escolar, trabalharam a obra “Os direitos da criança” de Luísa Ducla Soares, ilustrada por Maria João Lopes. As aprendizagens realizadas foram partilhadas com a comunidade escolar no dia Mundial da Criança.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

"Acho que posso ajudar" - David Machado & Mafalda Milhões


Uma miúda de oito anos quer tanto ajudar as pessoas que ao resolver uns problemas cria outros. Tudo com a energia e boa vontade próprias da infância. Começa por aprisionar o vento num barracão, para que o penteado da avó sobreviva quando quiser sair à rua. Quem vai padecer com isso é o moleiro, que ficou “zangado com a vida”. Sem vento, os moinhos no alto do monte pararam.
A menina pede então a um monstro que sopre as velas dos moinhos. Solução que dura pouco. O monstro fica com saudades “de pregar um valente susto a uma criança”. E logo à menina ocorre de novo o pensamento que sempre a impele à decisão seguinte: “Acho que posso ajudar.” Há-de pintar o céu, trocar bicicletas por vassouras de bruxa, pôr gatos a perseguir ratos e inventar muitas outras formas de melhorar… a vida de todos.
Entre a bondade e a malandrice, esta história de David Machado comove e diverte o leitor, que, mesmo já estando afastado da infância, é facilmente reenviado para lá. Se for criança ainda, certamente se identificará com a imaginação e desempenho da protagonista.
Mafalda Milhões escolheu um registo de humor que expressa bem nas imagens o desassossego que a personagem traz ao mundo. Prepare-se para ficar despenteado. Há vento à solta nas páginas.

Acho Que Posso Ajudar
Texto David Machado
Ilustração Mafalda Milhões
Edição Alfaguara
38 págs. + livro para escrever e colorir, 11,90€
(Texto divulgado na edição do Público de 31 de Maio, página Crianças.)



segunda-feira, 9 de junho de 2014

A Mochila Mágica & Outras Estórias - Nuno e Rodrigo Costa Santos



Um projecto entre pai e filhos (de nove e sete anos) que vale sobretudo por isso mesmo, no que pode contagiar outras famílias a criar os seus próprios livros. Vale também por ceder os direitos de autor à Associação Coração Amarelo, que promove a solidariedade entre gerações.
São quatro pequenas histórias: O Peixe-SapatoA Escova PreocupadaA Nuvem e a Baleia A Mochila Mágica. Os textos foram escritos por Nuno Costa Santos e o seu filho mais velho, Rodrigo. Ao mais novo, Luís, coube a tarefa de ilustrar. Diz-se na contracapa que, “durante várias tardes, imaginaram personagens e estórias – e desenharam as ilustrações. Houve muitas birras (da parte do pai, claro) mas a viagem chegou ao fim”.
Imaginaram um sapato que se transforma em peixe depois de cair no Oceanário; deram vida a uma escova de dentes que se preocupa com os meninos que têm preguiça de a usar; trocaram a geografia das nuvens e das baleias e inventaram uma mochila que resolve os TPC de quem a transporta.
Um livro genuíno, em que, pelo tom, pelo universo e pelas palavras escolhidas, se percebe a verdadeira participação de crianças. Se tal presença é óbvia no traço infantil das imagens, no texto poderia ter havido a tentação de a erodir. Uma família que está de parabéns. Criou um livro honesto e divertido.
A Mochila Mágica & Outras EstóriasTexto Nuno e Rodrigo Costa SantosIlustração Luís Costa SantosEdição Escritório Editora
36 págs., 9,95€
(Texto divulgado na edição de 7 de Junho do Público, página Crianças.)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

PORDATA | RBE 2013-14 - Trabalhos premiados


Parabéns ao David Alves, Diogo Silva e Diogo Gomes (10º ano) da Escola Básica e Secundária de Penacova -  vencedores do concurso PORDATA/RBE, uma iniciativa conjunta da Fundação Francisco Manuel dos Santos e da Rede de Bibliotecas Escolares.

O trabalho premiado, Solidão inerente ao envelhecimento: situação inevitável e natural ou atentado à dignidade humana?, foi elaborado na disciplina de Filosofia, em articulação com o Programa de desenvolvimento integrado da Literacia da Informação, da Biblioteca Escolar.
Esta experiência de aprendizagem permitiu a abordagem de conteúdos programáticos de forma inovadora e a integração de vários saberes, linguagens e competências.