sexta-feira, 26 de abril de 2013


ANTÓNIO GEDEÃO, in LÁGRIMA DE PRETA (A Voz de Moçambique, 1964) 

Encontrei uma preta 
que estava a chorar, 
pedi-lhe uma lágrima 
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.


*

Trabalho de Mónica Loureiro, 5º Ano do Curso de "Arquitectura de Design", Cadeira de Projecto (Prof. José Brandão). Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa

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