sexta-feira, 13 de maio de 2011

MANUEL ANTÓNIO PINA - PRÉMIO CAMÕES 2011

O escritor Manuel António Pina, Prémio Camões 2011, "rompeu
com a tradição" na literatura para a infância e criou uma obra
de "grande exigência" para os leitores mais novos, disseram à
Lusa duas investigadoras de estudos literários.




Jornalista e poeta, Manuel António Pina publicou a primeira obra
em 1973, "O país das pessoas de pernas para o ar", que reúne quatro
contos para a infância.
Na época, o livro "rompeu com a tradição e deu um salto qualitativo

na literatura para a infância", afirmou à agência Lusa Ana Margarida
Ramos, professora de Literatura para a Infância na Universidade de
Aveiro.



A obra de Manuel António Pina, 67 anos, inclui teatro, poesia,
colectâneas de crónicas e muitos contos para o leitor infanto-juvenil.
O autor, para quem "Winnie the Pooh" é uma das referências literárias,

tem publicados títulos como "O pássaro da cabeça" (1986), "O Inventão"
(1987) e "O pequeno livro da desmatemática (2001).






"Pina vai buscar inspiração a uma certa literatura virada para o
absurdo e que explora muito a palavra e a própria linguagem. E a
obra dele convoca referências de intertextualidade que não são da
literatura infantil", defendeu Ana Margarida Ramos.



A obra de Manuel António Pina para a infância e juventude foi o
tema de tese de doutoramento de Sara Reis da Silva, professora na
Universidade do Minho.
Para a investigadora, a obra de Manuel António Pina não faz distinção

entre leitores novos e adultos e "cultiva modos e géneros muito diferentes".
"A questão do humor e do nonsense são alicerces da sua obra", afirmou

Sara Reis da Silva, recordando que o primeiro livro do autor, "O país
das pessoas de pernas para o ar", contém dois contos que "derrubaram
[à época] dogmas do catolicismo".
Este título, que inclui o conto "O menino Jesus não quer ser Deus", acaba

de ser reeditado pela chancela Tcharan, com novas ilustrações de Marta Madureira.



Entre outras obras publicadas pelo escritor destacamos: «O TÊPLUQUÊ»
e «O Tesouro».






O prémio, o mais importante galardão de língua portuguesa, foi criado em 1989 por Portugal e pelo Brasil para distinguir um escritor cuja obra tenha contribuído para a projecção e reconhecimento da língua portuguesa.






O Prémio Camões, no valor de 100 mil euros, foi instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, sendo o maior prémio de prestigio da Língua Portuguesa. Nesta edição o júri foi constituído pela Prof. Doutora Rosa Maria Martelo (Professora da Universidade do Porto), pelo Prof. Abel Barros Baptista (Professor da Universidade Nova de Lisboa), pela escritora Edla Van Steen, pelo Prof. António Carlos Secchin e pelos representantes dos PALOP: Prof. Doutora Inocência Mata e a escritora Ana Paula Tavares.




A atribuição deste prémio presta anualmente uma homenagem à literatura em português, recaindo a escolha num escritor cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento da língua portuguesa.
Manuel António Pina é licenciado em Direito pela Universidade de
Coimbra e foi profissional de jornalismo entre 1971 e 2001. Para além do Jornal de Noticias, o escritor passou ainda por diversos órgãos de comunicação, nomeadamente o Diário de Lisboa, O Jornal, Expresso, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Marie Claire, Visão, Rádio Porto, RTP, entre outros.
Manuel António Pina recebeu já vários prémios literários e está traduzido
e publicado em Espanha, Dinamarca e na Bulgária.


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