sábado, 20 de dezembro de 2014

“Que luz estarias a ler?”, de Ana Biscaia e João Pedro Mésseder


“Que luz estarias a ler” é um precioso livro, desenhado, escrito e editado em memória das crianças mortas em Gaza no Verão passado.











capa e contracapa pedro escola noite

Em Julho e Agosto de 2014, quase cinco centenas de crianças palestinas foram mortas na faixa de Gaza pelas bombas do exército israelita. Entre as fotografias, “tremendas”, enviadas pelas agências noticiosas, algumas chamaram a particular atenção de Ana Biscaia. No meio dos escombros, crianças recolhiam livros, com “esse espanto de que só os olhos das crianças são capazes”.
Convidada para participar no Festival de Banda Desenhada e Ilustração de Treviso (Itália), Ana Biscaia fez um conjunto de desenhos inspirados por essas fotografias e convidou João Pedro Mésseder para escrever uma história a partir deles. O trabalho foi publicado no catálogo da exposição, em italiano, sob o título “Books and War”. Para a edição portuguesa, feita pelos próprios autores numa nova editora por eles criada – a Xerefé –, foi introduzida a cor nos desenhos originais e feita uma nova paginação.
“Que luz estarias a ler” é uma história contada na primeira pessoa por Aysha, uma sobrevivente do ataque à sua escola, que procura entre os livros que resistiram aquele que Kalil, seu amigo, estaria a ler. Ele gostava de livros, relembra Aysha: “quando lia histórias, dizia, era como se deixasse de ouvir os estrondos, os tiros, os gritos ao longe, as sirenes. Era como se uma luz se acendesse no coração do escuro”. É essa luz que Aysha procura agora nos “buracos entre as pedras” causados pelas bombas. Sabe que vai encontrá-la e promete: “quando a guerra terminar, levarei estes livros para a nova escola”.
A poesia que emana da aparente simplicidade dos desenhos e das palavras desta pequena jóia em forma de livro oferece-nos uma poderosa metáfora sobre a importância da literatura e da arte nas nossas vidas. A partir de um horror real e concreto, relembra-nos a candeia que lá está sempre, “dentro da própria desgraça”, pronta para ser descoberta e para nos ajudar a resistir.
Ana Biscaia e João Pedro Mésseder
Os autores deste livro gostam e estão habituados a trabalhar juntos. “O Livro dos Meses” (2012) e “Lembro-me” (2014), ambos editados pela Lápis de Memórias, são disso exemplos recentes.
Ana Biscaia nasceu na Figueira da Foz, em 1978. Estudou Design de Comunicação na Universidade de Aveiro e trabalhou como designer gráfica, mas foi a ilustração do primeiro livro (Negrume, 2006) que lhe abriu as portas para um mundo novo e para a formação mais marcante, na Suécia. Em Estocolmo, na Konstfack University College of Arts, Crafts and Design, construiu grande parte da sua linguagem estilística, moldada pela importância do desenho e pela preferência pelo uso da grafitte. Mais tarde, viria a ilustrar a edição sueca de “Flor de Mel”, um dos romances juvenis de Alice Vieira, ganhando o Peter Pan Prize Silver Star, atribuído pela secção sueca do IBBY. Conta com quase duas dezenas de publicações, individuais e colectivas, e os seus trabalhos já foram exibidos em mais de 30 exposições, em Portugal, na Suécia, no Brasil, na Colômbia, na Alemanha, em Espanha e na Suíça. Com a obra “A cadeira que queria ser sofá” (texto de Clovis Levi), venceu o Prémio Nacional de Ilustração em 2012, atribuído pela Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas.
João Pedro Mésseder nasceu em 1957, no Porto. Doutorado em Literatura Portuguesa, é professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto. Publicou poesia, aforismos e contos breves: “Elucidário de Youkali seguido de Ordem Alfabética” (2006), “Guias Sonoras e Outras Abrasivas” (2010), “Contos do Quarto Minguante” (2014), entre outros. É autor de cerca de duas dezenas de livros infantis e juvenis, sobretudo poesia e álbuns narrativos e poéticos. Dois dos seus livros foram nomeados para a IBBY Honour List (2000 e 2006) e, entre outras distinções, obteve o Prémio Bissaya Barreto de Literatura para a Infância de 2014 pela obra “Pequeno Livro das Coisas” (2012), em conjunto com a ilustradora Rachel Caiano. Alguns dos seus livros infantis estão editados no Brasil e em Espanha e textos seus foram incluídos em antologias publicadas na Alemanha, na Itália e no Brasil.

In  A Escola da Noite Weblog


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

"Rimas Perfeitas, Imperfeitas e Mais-Que-Perfeitas" - Alice Vieira & Afonso Cruz


 Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura3º Ano de escolaridade - Leitura com apoio do professor Centro Novas Oportunidades - Leitura Autónoma - Grau de dificuldade I Lê este álbum e verás que não há dois poemas iguais. Uns têm mais humor e ironia, outros melancolia, e para cada poema foi escolhido um determinado tempo verbal. Consegues identificá-los? Presente, Futuro, Gerúndio, Imperativo, Pretérito Perfeito, Imperfeito e Mais-Que-Perfeito.

CANTIGA DE MÃE

Olha as horas!
Sai da cama!
Não demores
a acordar!
Lava os dentes
muito bem.
- Mas… ó mãe!…

Não inventes
mais desculpas
p’ra atrasar!
Passa o pente
na cabeça!
Bebe o leite
mais depressa!
E não te esqueças
também..
- Mas… ó mãe!…

…de levar
a papelada
assinada
que a professora
mandou.
Vai lá buscar
a mochila
e vê, se por esta vez,
estão prontos
os TPC!
E fecha bem…
- Mas… ó mãe!…
A torneira
da banheira!
Olha o pingo…

- Mas ó mãe!...
Mas ó mãe!...
Hoje é domingo!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

"Maruxa" - Eva Mejuto & Mafalda Milhões


Maruxa e Zezinho viviam na aldeia.Maruxa lavrava, cosia e varria.Zezinho folgava, cantaba e dormia.Mas um belo dia… … Maruxa decide dar uma lição ao marido. Astuta e com grande habilidade no uso da ironia, consegue que Zezinho tome consciência de que o trabalho de casa está mal distribuído e, assim, mude de atitude. Este livro é baseado na canção popular polaca Maryna gotuj pierogi, uma das mais conhecidas do repertório folclórico do país. Existem diversas versões feitas por orquestras sinfónicas, solistas, grupos de jazz, rock... Este texto, em versos de seis sílabas, procura manter o ritmo da canção original. Tal como a canção tradicional, a autora apresenta a história em forma de diálogo, já que o conto se baseia principalmente na disputa que Maruxa e o marido, Zezinho, iniciam quando este lhe pede que lhe faça pão. Na versão tradicional, Zezinho reclama uns pierogi, um dos pratos típicos da Polónia (uma espécie de raviólis recheados de carne, peixe, vegetais...) e a mulher nega-se repetidamente, alegando que lhe faltam, um a um, todos os ingredientes: farinha, água, sal e carne... Contudo, nesta versão optou-se por substituir os pierogi por pão, um alimento comum a todas as culturas e que permite universalizar a história. As diferenças mais significativas relativamente à canção não só se limitam ao alimento principal, mas também ao final da história. Assim, a reação violenta que Zezinho manifesta na versão polaca — quando a mulher, afinal, decide não lhe preparar a comida — é substituída neste álbum por uma atitude compreensiva e de empatia face à esposa, mantendo assim o tom humorístico que carateriza todo o conto. Da versão inicial, a autora decidiu manter e realçar: a ideia original, o sentido de humor, a estrutura acumulativa, versificada e rimada, tão própria de contos e cantos da tradição oral. Este texto permite ser cantado a ritmo de três por quatro mantendo a música de origem. De igual modo, o álbum ilustrado oferece o mesmo argumento que la canção: a protagonista alega não poder fazer o pão porque lhe faltam todos os ingredientes (farinha, água, levedura e sal). Então, decide pedir ao marido que os vá buscar. Só que, em jeito de reprimenda instrutiva, vai-lhos pedindo um a um, com o esforço que isto implica a Zezinho. Um a um, ele vai fazendo todos os recados cada vez mais desmesurados como o de ir buscar sal ao mar, mas depara-se sempre com o facto de voltar a faltar algo e tem de empreender uma nova e esforçada aventura para o conseguir. Quando, por fim, Maruxa tem todos os elementos, diz, ironicamente, que está muito cansada e terá de ser também ele a amassar o pão. Portanto, através do engenho e do sentido de humor, consegue que Zezinho entenda, por experiência própria, a injustiça da situação que ela vivera até então, e compreenda que, tanto o trabalho como o lazer, devem ser coisa dos dois.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

MAFALDA MILHÕES - "Uma Biblioteca é uma casa onde cabe toda a gente"





Sinopse
Com um trabalho focado na mediação de leitura através do acompanhamento de famílias, técnicos e outros mediadores, a editora O Bichinho de Conto apresenta o seu novo livro. "Uma Biblioteca é uma Casa onde cabe toda a Gente" Porque todos os leitores são diferentes, a capa apresenta-se com 3 cores à escolha. Um livro lúdico, divertido e inacabado, para leitores dos 0 aos 200 anos.

Podem dar uma espreitadela:

http://www.bmel.pt/livrodamafalda/